A Graça; o dom gratuito e imerecido de Deus para a humanidade!
abril, 2025Por Deová Marinho de Lucena
A Suficiência do Sacrifício de Cristo para a Salvação
A salvação é de graça; e é pela Graça!
"Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." Efésios 2:5-8
A GRAÇA NA JUSTIÇA DE DEUS PARA A SALVAÇÃO
A graça de Deus significa um dom gratuito e
imerecido, e está estreitamente associada a justiça de Deus. O
apóstolo Paulo a menciona frequentemente em sua teologia, às vezes é
redundante em dizer palavras relacionadas a “justificação” e “graça”
(Rm 3.24; 5.15-17). A justiça de Deus foi revelada ao ser humano,
como uma forma de justificação pelo sacrifício de Cristo para a
salvação.O ser humano é limitado, fraco e dependente da graça de
Deus, necessita da justiça de Deus em Cristo para a sua salvação. O problema está no pecado onde todas as pessoas caíram em condenação. Entendemos que pecado são atos praticados, contra a vontade de Deus. O pecado separa o homem de Deus.A justiça de Deus é a sua revelação em Jesus Cristo. Através desta justiça Deus torna as pessoas pecadoras
justificadas pela sua graça pelo sacrifício de Jesus. A justiça de
Deus é a revelação que se dá a conhecer no evangelho (Rm 1.17) ou independente da lei (3.21), contudo, ambos representam como o cumprimento das escrituras.Deus revelou a justiça como sua propriedade e sua atitude
em Jesus Cristo, e concedeu ao ser humano injusto a sua dádiva de
justiça pela fé em Jesus Cristo, uma forma de o homem e a mulher
se apropriar desta justiça. Pode-se dizer que Deus através da sua
justiça dá espontaneamente a salvação na ação ativa para as pessoas,
em contrapartida o homem e a mulher se apropriam desta salvação
pela fé, apenas recebendo a graça de Deus.A Graça de Deus tem sido banalizada e interpretada de forma incoerente e equivocada! Porquanto, alguns líderes religiosos mergulhados na ignorância
estabelecem regras, requisitos a mais como meio de salvação. Inserem dogmas do Antigo Testamento sem o devido valor em Jesus Cristo; fazem as suas próprias “leis”, por não gostarem de algo ou porque não é de costume, impondo aos cristãos como normas. A imposição da lei mosaica à cristãos, ou de quaisquer requisitos a mais como complementação a obra de Cristo é uma falsa doutrina e foge da realidade do verdadeiro Evangelho de Cristo.Muitos líderes religiosos tem usado vários artifícios para tirar dinheiro dos fiéis através da palavra de Deus. Afirmo com toda certeza que Deus NÃO se agrada dessas atitudes. São mercenários da fé, que aproveitam a situação de fraquesa das pessoas para subtrair seus bens, e pior, usando o nome de Jesus!Vários ladrões da fé tem usado o dízimo como forma de salvação da sua alma; dizendo que se você não der o dízimo você não será salvo, mas é tudo mentira! Eles usam isso para te amedrontar e tomar seu dinheiro. A salvação é um dom gratuito de Deus!Também é muito usado a prática de vender amuletos para te abençoar, esquecendo esses tais que somos abençoados unicamente pelo poder de Jesus Cristo nosso Salvador!Alguns amuletos: Óleo ungido; lenços; água do rio Jordão; arca da aliança; toalhas; chaves; e outros tipos de amuleto, etc... e por ai vai. Esses amuletos são condenados pela Bíblia e não tem poder nenhum para te abençoar de forma alguma. Sai fora desses tais, porque apenas eles querem tomar o seu dinheiro e não estão preocupados com a sua salvação.
A ira de Deus
A ira de Deus é norteada por sua justiça e santidade, não
apenas indica o que Deus faz, mas o que ele é ao fazê-lo. Na
percepção de Paulo a ira de Deus é escatológica relacionada à ira
vindoura (Rm 5.9; Ef 5.6; Cl 3.6; 1 Ts 1.10) que se revelará no dia
da ira de Deus (Rm 2.5), sendo executado o seu justo juízo (Rm
2.5; 5.16, 18; 8.1, 33, 34; 2 Cor 3.9); e também é escatológica já no
presente, revelada juntamente com a justiça pela fé, como justiça e
absolvição por um lado, e a ira como exercício do julgamento por
outro. Percebe-se que a ira de Deus é incomparável à ira humana, como uma vingança, mas é
uma justa reação contra todo o tipo do mal, pois ele é justo e santo. Pondera-se que Deus através da ira faz triunfar o seu plano da salvação pela graça, portanto não destinou os salvos para ira,
contudo para obter a salvação por meio de Jesus Cristo (1 Ts 5.9).
O sacrifício de Cristo
Deus justifica gratuitamente os pecadores pela sua graça
baseada na morte e ressurreição de Jesus Cristo, o problema do
pecado é resolvido e a ira de Deus revela o seu amor e graça, na
qual através de Cristo os cristãos são salvos da ira de Deus.
Segundo Stott, Deus justifica o ímpio através do sacrifício de Jesus,
caso contrário estaria ferindo a sua justiça se considerasse o ser
humano culpado inocente. O próprio Deus estabeleceu este
princípio ao dizer aos juízes israelitas que eles devem justificar os
íntegros e condenar os ímpios (Dt 25.1). A justificação do ser
humano culpado só é possível pela cruz, sem ela a justificação do
injusto seria injusta, imoral e impossível. Sobre a justificação do homem culpado e da mulher
culpada, nota-se que só é possível por Jesus Cristo que morreu pelos ímpios (Rm 5.6).Através do sacrifício de Jesus Cristo, Deus realiza o
processo de justificação pela graça para benefício das pessoas
culpadas e pecadoras diante a justiça de Deus. Na teologia de
Paulo, Cristo é a figura principal de justificação, pelo fato de Deus
ter entregado Jesus à morte pelos pecados do ser humano e o
ressuscitado para a justificação do ser humano (Rm 4.25). Deus,
pelo processo da justificação, torna as pessoas cumpridoras da sua
exigente justiça devido a entrega de Jesus como oferta pelo pecado
para destruir o pecado.
A reconciliação
É evidente que o pecado é um estado de inimizade com
Deus. O ser humano através da morte de Cristo passa do estado de
pecado à vida cristã alcançando a reconciliação com Deus (Rm
5.10-11; 2 Cor 5.18). Percebe-se que a iniciativa da reconciliação
vem de Deus em Cristo, pois Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo (2 Cor 5.19). Em suma, a morte de Jesus Cristo
produziu a reconciliação.
A justificação
Percebe-se a eficiência do sacrifício de Cristo na cruz, pois é
a causa suprema de os pecadores serem justificados, os quais,
outrora, precisariam ser sentenciados na revelação de suas
iniquidades no julgamento final. A graça de Deus é tão evidente na
sua justiça que Cristo morreu no lugar dos pecadores, poupando
assim as suas vidas da morte, fazendo-os participarem do domínio
de Cristo. Esta justificação é para todas as pessoas, em todos os
lugares, em todas as etnias, e não tem fronteiras.
A santificação
A santificação na teologia de Paulo está ligada a justificação
no sentido de que através da morte expiatória na cruz, Cristo
santificou os pecadores para se encontrar com Deus (1 Cor 1.30).
No entanto, Paulo expõe um estilo de vida, requerendo um andar
santo e agradável a Deus (1 Ts 4.1-8). Não é algo que deve ser acrescentado na justificação, mas a maneira de agradar a Deus pelas misericórdias da sua justiça. Percebe-se que o culto a
Deus ensinado por Paulo não se limita apenas a hinos e orações, porém na entrega do corpo dos crentes para o serviço de Deus. A exortação é que os que creem não se conformem com este mundo,
em pensamentos e ações, no entanto devem ser transformados na renovação da mente, tornando-se pessoas que pensem de maneira genuína da vontade de Deus neste mundo (Rm 12.1-2).
A salvação é pela fé
A fé é inerente da graça de Deus como uma condição da salvação. O ser humano alcança a salvação somente pela fé em Jesus Cristo (Rm 1.16-17; 3.21; 4.5,18-25; Gl 3.8). Paulo durante seu ministério contestou duramente os judeus piedosos que pelas obras da lei se esforçavam para cumprir a fim de que Deus, por causa disso, os justificassem. O apóstolo adverte que a salvação é pela fé e não pelos próprios méritos. Infere-se que a justiça não tem caráter de ato, como se a justificação fosse por conta própria ou mérito, mas de dádiva, pois todas as pessoas participam pela fé dos dons da salvação dada por Deus através da justificação do ser humano diante da sua justiça. Nos dias de hoje verifica-se pessoas que insistem em embasar a sua
salvação nos próprios méritos, como que sua boa conduta, seu bom caráter, sua habilidade, sua moral elevada e prática de boas ações lhe dessem o direito de salvação. Contudo se as obras
humanas concedessem a salvação própria não haveria a necessidade de Cristo ter morrido na cruz, aliás torna o sacrifício de Cristo insignificante e insuficiente.
A obediência
Por outro lado, a fé exige obediência, Paulo insta os cristãos
de Roma que apresentem um ato físico de obediência a Deus
como agradecimento pelas misericórdias de Deus devido a
justificação pela graça (Rm 12.1-2). A obediência é uma tarefa do cristão como consequência da justificação vinda dos que creem. Observa-se um aproveitamento e uma deturpação da graça de Deus. Pelo que a fé exige um compromisso e fidelidade do ser humano para com Deus, ainda que as pessoas não sejam salvas pelas obras, foram salvas para andar conforme a vontade de Deus. Infere-se que a conduta do cristão reflete a autenticidade da sua fé, caso contrário tal nunca experimentou a salvação pela graça de Deus.
A liberdade em Cristo
É bem verdade que na perspectiva de Paulo a humanidade sem Cristo é escrava do pecado (Rm 6.6,20), da carne (Rm 7.5,14,18; 8.8; Ef 2.3), dos poderes (2Cor 4.4; Gl 4.8; Ef 2.2; 2Ts 2.8-11), dos rudimentos do mundo (Gl 4.3; 8; Rm 6.14; 7.5) e da morte (1Cor 15.24; Rm 8.38). Entende-se que o ser humano jamais consegue superar estas condições pelos seus próprios méritos. A libertação é conquistada mediante a graça de Deus em Jesus Cristo (Cl 1.13).
Compreende-se que a pessoa à qual recebeu a justificação pela fé, sendo salva diante da justiça de Deus, alcançou a liberdade dada por Jesus Cristo. Não obstante, a pessoa tem liberdade em Cristo para viver sem se submeter à escravidão.Algumas pessoas nos dias de hoje não compreendem esta liberdade e
danificam a graça inconscientemente ao fazer barganha com Deus dedicando-se a ação social ou caridade ao próximo achando que isto lhe garanta a salvação por temer perde-la. Percebe-se no meio
evangélico pessoas que tropeçam na fé e penitenciam-se tentando redimir os seus pecados por conta própria, às vezes, dedicando-se exageradamente às tarefas da igreja, no trabalho social, na ideia de que as suas obras lhe darão o perdão dos pecados. Entende-se que estas atitudes danificam a graça de Deus. Tais atitudes evidenciam muitos cristãos que não entenderam o poder da liberdade em Jesus Cristo e o plano da graça de Deus.
De nada adianta os líderes das igrejas tratar de um pecado da pessoa e deixar os outros de lado, deve-se tratar a causa do pecado, o coração do homem. Foi o que Paulo fez no seu ministério ao tratar o pecado e não os atos de pecados. Percebe-se que o pecado é considerado um senhor que aprisiona a pessoa (Rm 6.17;20; 7.17,23), no entanto através de Cristo a pessoa é liberta do pecado. Esta é a essência do pecado que deve ser tratada. A causa do pecado sendo tratada a pessoa passa a ter escolha de
não pecar e de resistir. O cristão deve usufruir da liberdade, porquanto a sua liberdade está no amor, em amar as pessoas e viver uma nova vida, novos valores, novos desafios (Gl 5.12,13). A
liberdade está em viver na plenitude de Deus sob o senhorio de Cristo confiando nas suas promessas inabaláveis.
A Graça e a lei de Moisés
A graça e a Lei do Antigo Testamento tem sido um grande problema que a séculos vem sendo debatido entre os teólogos. Percebe-se um conflito muito prejudicial decorrente da interpretação de pessoas nas igrejas. Nota-se que alguns interpretam a Lei do Antigo Testamento como se fosse toda
aplicada para a igreja de Cristo, submetendo as pessoas a regras e normas do Antigo Testamento como parte da salvação; pela Graça sois salvos!
Considerações finais
A graça na teologia de Paulo está na justiça de Deus revelada à humanidade em Cristo que justifica aqueles que creem. A graça é um favor imerecido. O plano da Graça de Deus se consuma em Jesus Cristo através da morte e ressurreição. Em Cristo, Deus realiza o processo da justificação para justificar a humanidade pela sua justiça. Analisou-se que a justiça de Deus foi revelada em Cristo para salvar a humanidade pela graça, de que a ideia não era de vingança, mas a de distribuição como ação salvífica para todos os que creem.
A relação da graça com a Lei do Antigo Testamento na vida do cristão, conclui-se que as pessoas são salvas unicamente pela graça mediante a fé, sem mérito algum relacionado a obediência a lei, portanto a lei está ultrapassada e em Cristo há outro propósito de Deus. A plenitude da graça de Deus consiste andar em obediência e ter prazer na presença de Deus. Essa é a vontade de Deus, apresentada nesse artigo. Assim sendo, todos os que creem na graça de Deus, sejam demonstrados na pessoa de Jesus Cristo. Amém!